Os desafios da mobilidade urbana: entenda o que Belém pode aprender com soluções adotadas em outras capitais brasileiras
Recentemente, ganharam força nas redes sociais especulações sobre a substituição do atual sistema de mobilidade urbana de Belém. A discussão foi intensificada após o governador do Pará, Helder Barbalho, visitar São Paulo para analisar o funcionamento do sistema operacional do metrô.
A visita faz parte de estudos preliminares que avaliam a implantação de um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na capital paraense, com previsão de início em 2025. O projeto básico prevê a substituição do BRT (Bus Rapid Transit), cuja construção foi iniciada em 2012 e ainda não foi concluída.
De acordo com informações preliminares, o custo estimado para a implementação do VLT é de R$ 900 milhões, valor que cobriria a extensão total do sistema BRT já existente. O orçamento está alinhado com investimentos realizados em outras cidades brasileiras que já adotaram esse modelo de transporte urbano.
BRT em Belém
Oriundo da cooperação internacional entre o Pará e o Japão através da Agência de Cooperação Internacional do Japão - Jica, o BRT em Belém foi concebido no final da década de 80. As obras tiveram início em 2012, se tornando a obra urbana mais longa da história de Belém, nos dois principais corredores da cidade - Almirante Barroso e Augusto Montenegro.
A proposta é conectar os principais corredores da Região Metropolitana de Belém incluindo a BR-316 em Ananindeua e Marituba, este último sendo contemplado no Projeto BRT Metropolitano, que já passou por diversos prazos de conclusão não cumpridos.
VLT no Brasil
O VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) é um meio de transporte que remete aos antigos bondes, que circularam em diversas cidades brasileiras até a década de 1970. Hoje, o VLT é considerado uma solução moderna para a mobilidade urbana e tem sido avaliado como alternativa por várias cidades do país, como Bauru (SP), São Paulo (SP), Campinas (SP) e Cuiabá (MT). Descubra quais municípios já utilizam esse modal e conheça algumas curiosidades sobre este eficiente meio de transporte. O sistema VLT está em operação em 10 cidades do Brasil:
Rio de Janeiro (RJ)
Baixada Santista (SP)
Sobral (CE)
Cariri (CE)
Maceió (AL)
João Pessoa (PB)
Recife (PE)
Natal (RN)
Teresina (PI)
Fortaleza (CE)
BRT substitui VLT em Cuiabá
Por outro lado, em Cuiabá a obra do VLT planejada para interligar Cuiabá e Várzea Grande antes da Copa do Mundo de 2014, tornou-se um projeto fracassado. Dos 22km de trilhos previstos, apenas 6km foram concluídos, resultando em um gasto superior a R$ 1 bilhão. Em 2017, denúncias de irregularidades e atrasos levaram ao cancelamento do contrato, deixando a obra abandonada.
Em 2020, o governador Mauro Mendes decidiu substituir o VLT pelo sistema BRT, alegando que os custos de reparar os danos e concluir o projeto seriam elevados. Segundo o governo, o BRT seria mais barato de implementar e operar, com tarifas mais acessíveis e maior flexibilidade para a expansão. Apesar de quase 80% do VLT já estar concluído, parte da estrutura será desmontada, com os trilhos descartados, para dar lugar ao novo modal de transporte.
Qual a melhor alternativa para Belém?
Considerando a experiência de Cuiabá com o VLT, Belém enfrenta desafios semelhantes ao avaliar a substituição do sistema BRT por um VLT. A análise deve incluir não apenas os custos de implementação, mas também a viabilidade técnica, os riscos de atrasos e possíveis desperdícios de recursos públicos.
A história do projeto em Mato Grosso serve como alerta para evitar decisões precipitadas que possam comprometer a mobilidade urbana e os investimentos realizados. Assim, é crucial que qualquer mudança no modal de transporte em Belém seja amplamente discutida, planejada e transparente, para garantir soluções eficientes e sustentáveis para a população.
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