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Queda nas Empresas da B3: Impactos e Oportunidades de Investimento

Mais de 50 empresas deixaram a B3 nos últimos três anos, marcando um cenário de incertezas na hora de investir

Balcão da B3
Reprodução: Infomach

O mercado financeiro brasileiro enfrenta um cenário de retração significativo no número de empresas listadas na B3. Com IPOs praticamente inexistentes desde 2021 e diversas companhias sendo adquiridas ou fechando capital, a bolsa brasileira perde opções de investimento e gera um alerta para empresários e investidores.


Queda acentuada nas listagens


Desde 2021, a última grande onda de IPOs, o número de empresas na B3 diminuiu em cerca de 50 nomes. Fusões, aquisições e fechamentos de capital explicam essa redução. Casos recentes incluem:


  • Fusões e aquisições: Fleury e Hermes Pardini, Auren e AES Brasil, Alliansce Sonae e BR Malls.

  • Fechamentos de capital: Empresas como Cielo, Clear Sale e Santos Brasil foram deslistadas, enquanto outras estão em processo de saída.


Hoje, apenas 218 empresas listadas possuem valor de mercado acima de R$ 300 milhões, sendo que muitas delas apresentam valores bem abaixo de seu auge.


Impactos no mercado


Além da redução no número de empresas, a liquidez também sofreu um impacto significativo. Com desvalorização de ativos e recompras agressivas de ações (R$ 55 bilhões em recompras desde 2022), o volume de ações disponíveis para negociação diminuiu expressivamente. Segundo estimativas, o free float (ações negociáveis) caiu cerca de 15% até setembro de 2024, sem considerar os últimos meses do ano, que tiveram alta nas recompras.


O que dizem os especialistas


A Belém Negócios ouviu especialista em investimentos e membro da comunidade que traz um panorama geral sobre o cenário de incerteza no mercado financeiro. Gustavo Loureiro, Sócio e Consultor da Horizonte Capital, escritório especializado em Gestão Patrimonial e de Investimentos, com presença em Belém (PA) e São Luís (MA). Segundo ele

"O cenário da bolsa brasileira ainda é incerto para o ano de 2025. A situação de risco fiscal do governo e perspectiva de inflação crescente, que pressionam as taxas de juros, com projeção de subida da SELIC até 15% ao ano, torna o investimento em renda variável ainda mais desafiador.", afirma o especialista.

Gustavo Loureiro, Sócio e Consultor da Horizonte Capital
Gustavo Loureiro, Sócio e Consultor da Horizonte Capital

Considerando o atual ciclo econômico e o cenário de diminuição da quantidade de empresas listadas na B3 (Bolsa de Valores Brasileira), Loureiro destaca alguns fatores para os recentes movimentos:


  • Contexto econômico conturbado no pós pandemia, fazendo com que algumas empresas perdessem valor de mercado;

  • Redução de custos: ao fechar o capital, a empresa pode reduzir custos relacionados à manutenção de uma companhia aberta, como auditorias e conformidade regulatória;

  • Maior controle: com o fechamento de capital, os controladores podem ter maior influência sobre as decisões estratégicas da empresa, sem a pressão do mercado de ações;

  • Reestruturação: algumas companhias passam por processos de reestruturação para se adaptar às mudanças em seus mercados, e o fechamento de capital pode facilitar essa transição;

"Percebe-se, portanto, que a saída de uma companhia da Bolsa de Valores pode ser motivada por situações de mercado, financeiras e estratégicas. Além das notícias diariamente veiculadas nos canais de comunicação, a entrada de investidores no mercado acionário requer cautela e perfil aderente às oscilações desta classe de ativos. Uma carteira diversificada e atenta ao cenário econômico brasileiro e externo é fundamental para garantir uma boa performance e a permanência dos investidores na Bolsa no médio e longo prazo", conclui Gustavo Loureiro.

Oportunidade ou ameaça?


Enquanto a queda no número de empresas listadas preocupa o mercado como um todo, ela também pode ser vista como um sinal de reestruturação. Quando o ciclo econômico mudar, é esperado que a alta demanda por ações faça com que boas companhias se valorizem de maneira expressiva.


Nesse sentido, Richard Carvalho, especialista em Recuperação Tributária, MBA em Investimentos e Finanças Pessoais, com certificação CEA e Consultor Financeiro pela Mont Capital, analisa que o mercado em 2025 enfrenta desafios decorrentes de incertezas fiscais internas e da instabilidade internacional. Ele aponta que

“o pessimismo predominante está relacionado às frustrações com a questão fiscal e à instabilidade externa, marcada pela guerra na Ucrânia, crises políticas e a valorização do dólar frente ao real nos últimos meses.”

Carvalho também destaca que

“a escalada da SELIC entre 2021 e 2022 comprimiu muitas empresas financeiramente, desencadeando um aumento de recuperações judiciais, especialmente no setor agropecuário, e o cenário de juros altos deve se manter por enquanto.”

No entanto, ele ressalta que há sinais de uma possível recuperação no horizonte. O momento, portanto, exige cautela, mas também visão estratégica para quem deseja se posicionar em um mercado mais enxuto, mas potencialmente mais lucrativo, nesse sentido, o especialista esclarece que

“a divulgação do Relatório Fiscal Estruturante, a previsão de redução do déficit primário e o aumento da participação do investimento privado criam um ambiente que pode encerrar a maré de negatividade mais cedo do que muitos imaginam. O mercado está expelindo empresas imprudentes e destacando aquelas com finanças bem cuidadas, que têm grandes chances de brilhar quando o próximo ciclo de alta começar.” finaliza.

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