“É tempo de despertar sensações. De reimaginar quem somos” (Carlos Ferreirinha, 2019)
Há alguns anos, quando comecei a estudar formas de contribuir com o desenvolvimento econômico sustentável da Amazônia, percebi que nossa produção artesanal é fabulosa, no entanto, pouco conhecida e valorizada. Ao mesmo tempo que fiz essa descoberta me deparei com o incrível desempenho do segmento de luxo no mercado internacional, mesmo diante de intempéries como a pandemia (COVID-19).
E aí me questionei: por que a Amazônia não produz luxo?
Antes de qualquer coisa precisava entender o que era luxo, foi aí que descobri um cara que hoje tenho o prazer de chamar de amigo e que é a maior referência nacional no tema, Carlos Ferreirinha, dono da MCF Consultoria e autor da maior publicação sobre o tema no Brasil chamado O Paladar Não Retrocede (DVS Editora - SP, 2019). Com Ferreirinha (como ele gosta de ser chamado), aprendi que um produto ou serviço de luxo precisa ter 8 atributos fundamentais, sendo eles: atemporalidade (excepcional a qualquer momento), inacessibilidade (não está disponível para qualquer um, a qualquer momento ou em qualquer lugar), universalidade (são reconhecidos em qualquer parte do globo), tradição (historia, trajetória, valores e propósitos), beleza (precisa ser desejável), qualidade (absoluta e indiscutível), originalidade (autêntico) e perfeição (obsessão pelos detalhes).
Sendo assim, decidi fazer uma imersão pela história e pela produção amazônica a fim de identificar tais atributos e isso me levou a descobertas fascinantes. Em minhas “viagens imersivas” pela Amazônia Paraense me deparei com uma produção artesanal altamente tradicional, fundamentada, em alguns casos, até mesmo em estudos arqueológicos, comprometidas não apenas com o belo, mas também com a preservação da história e da própria floresta. Percebi que detalhes, delicadamente feitos à mão, buscam a perfeição com qualidade e retratam uma beleza vista unicamente na Amazônia, região cujo nome traduz símbolos reconhecidos internacionalmente.
Ao me deparar com isso e ouvir o Ferreirinha dizer que “o momento pede um luxo que preserve e respeite códigos e essência, mas que seja mais democrático, humanizado e pretensioso”, entendi que Deus estava me dando a missão de inserir a produção amazônica no mais alto nível de reconhecimento, ou seja, percebi que era possível transformar o simples em nobre e produzir luxo na Amazônia.
Para muitos isso pareceu uma loucura, para outros um ultraje, para outros ainda, foi uma verdadeira viagem contra a maré, pois enquanto todos falam em preservar, eu quero desenvolver. Mas de que outra forma conseguimos proteger e preservar algo que não seja por meio dos recursos advindos da prosperidade? E de que forma alcançamos a prosperidade na Amazônia se não por meio do desenvolvimento sustentável da região e dos que nela habitam? Nisso que eu acredito e essa é a missão da PUPTI.
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