O potencial de crescimento desses negócios tem relação direta com a crise que passamos, mas, nos próximos meses, outros tipos de empreendimentos poderão ocupar esses postos. Entenda!
O Pará atualmente é o estado que mais gera empresas no Brasil. A capital, Belém, é a cidade que mais investiu em “digitalização” para facilitar o surgimento de novos negócios. A crise, impulsionada pela pandemia, fez o paraense pivotar - empreender se tornou o caminho mais rápido para quem quer vislumbrar novas oportunidades.
Como as empresas paraenses estão se comportando diante deste cenário? Que tipos de negócios estão inevitavelmente estagnados e quais aparecem em destaque devido a rápida adaptação às mudanças?
Veja também como o empreendedor está agindo. Soluções, antes alternativas, agora são vias de regra.
Os números grandiosos de novas empresas
Um relatório produzido pelo Banco Mundial mostra o Pará em destaque na abertura de empresas. A instituição financeira analisou o ambiente de negócios dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal - mas de alguma forma transpareceu que estes dados são absolutamente positivos.
Quanto mais empresas nascem, maior a taxa de mortalidade delas. Essa realidade afeta principalmente os micro negócios. Empreendedores de primeira viagem precisam se preparar para não fracassar logo nos primeiros anos de vida. Mas isso não parece ser algo do conhecimento deles.
Com base em dados da Receita Federal e com levantamento de campo feito pelo Sebrae, a taxa de mortalidade dos pequenos negócios atualmente é de 29%.
Segundo o balanço da Junta Comercial do Pará (JUCEPA), nos cinco primeiros meses de 2021, foram registradas as aberturas de 40.526 estabelecimentos. Esse número representa um aumento substancial de 43,16% em relação ao mesmo período do ano passado.
“Os dados de abertura de empresas apontam para um cenário de otimismo no ambiente empreendedor. Historicamente, os pequenos negócios têm exercido um papel importante em tempos de recessão econômica. Nessa pandemia, eles foram os mais impactados, mas as micro e pequenas empresas foram, em 2020, as únicas a reverter a perda de postos de trabalho, sinalizando uma recuperação”, disse o diretor-superintendente do Sebrae no Pará, Rubens Magno, ao site Agencia Pará.
Modelos de empresas que foram abertos
34.485 - Empresário Individual (EI)
3.303 - Sociedade Limitada (LTDA)
2.531 - Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI), 155 - Sociedade Anônima
42 - Cooperativa
De acordo com Cilene Sabino, presidente da JUCEPA (Junta Comercial do Estado do Pará) a crise impulsiona a formalização do negócio próprio.
“Ter a possibilidade de sair do desemprego ou formalizar uma ideia de empreendimento, é a chance que muitos procuram para superar essa tribulação e melhorar a renda familiar”, disse a gestora.
É preciso mais que encorajamento. É natural que em tempos de crise e com a alta taxa de desemprego as pessoas tendem a abrir seus próprios negócios. Mas, em vez de somente indicar o caminho, as autoridades devem pavimentá-lo e sinalizar todo o trajeto.
Tipos de negócios que amargam a desaceleração
Historicamente o estado do Pará tem potencial em determinados seguimentos como vamos analisar a seguir. Porém, alguns deles tropeçaram violentamente com a chegada da COVID-19 e desde então vêm experimentando o desagradável sabor do prejuízo.
Em 2018, o então diretor-superintendente do Sebrae-PA, Fabrizio Guaglianone, destacou para o site PEGN (Pequenas Empresas Grandes Negócios) os tipos de negócios com maior potencial de sucesso no Pará. Na época pré pandêmica, elencavam o topo da sua lista os bares e restaurantes. Porém os tempos são outros...
Estes negócios, como vários outros, encontram-se atualmente em uma espécie de stand-by (pacientemente, aguardam pela livre circulação de pessoas). Mesmo com a retomada gradativa das atividades econômicas, muitos deles só irão "dá uma forra" para os seus caixas após o término total das restrições impostas pelas autoridades.
O setor teve que se adequar. O delivery se tornou uma solução salvadora evitando que muitos estabelecimentos fechem suas portas, enquanto outros agarram na possibilidade de abrir cozinhas, para serem frequentadas somente por motoboys.
Um ou outro bar e restaurante é inaugurado na cidade, mas estes esperam que as pessoas não se incomodem com a possível “50%” de sua capacidade de atendimento sendo infringida. A fiscalização, por outro lado, parece flexibilizar.
Outro setor que teve as pernas amarradas e hoje só anda a passos curtos, é o de vestuário e calçados.
Apesar dos esforços, muitas lojas faliram (grandes marcas inclusive), tendo em vista que se trata de um setor bastante dependente das vendas das lojas físicas.
As lojas não divulgam mais aquelas promoções barulhentas com o intuito de esvaziar os estoques em questão de minutos. Se assim fizerem, terão que organizar filas nas ruas e corredores para não provocar a “tão temida” aglomeração - coisa que ninguém quer se dispor a enfrentar. Por hora, vendem pelo WhatsApp.
De maneira geral, até por volta de setembro, novembro talvez, teremos que analisar os negócios, com esse fator determinante (a pandemia) impedindo nossos dedos de digitarem perspectivas mais positivas.
Pelo andar da carruagem 2022 deverá ser o ano das verdadeiras mudanças. E esses negócios poderão retomar o esperado e merecido bons tempos.
Os 5 tipos de negócios mais promissores no Pará
Durante quase dois anos de pandemia, alguns tipos de negócios tiveram a possibilidade de optar por caminhos mais seguros em meio à crise. Outros, mesmo sendo tradicionais, demonstraram mais facilidade para se adaptarem. E os digitais ganharam destaque principalmente por serem capazes de atuar através do home office ou hibridamente.
Trazendo um pouco da realidade do empreendedorismo paraense à tona e analisando pesquisas e estudos nacionais, listamos a seguir, os cinco tipos de negócios que mais estão crescendo no Pará:
1 - Construção civil
Por volta de 2018, o número de microempreendedores individuais que atuam com serviços na construção civil cresceu significativamente. Lembra do boom de empresas que ofereciam consertos e outros serviços relacionados a pequenas obras? Naquela época muitas pessoas foram demitidas e, por isso, tiveram que começar a oferecer os seus serviços de maneira autônoma.
Segundo dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), o segmento de Casa e Construção foi o que mais cresceu em 2020, durante o auge da crise sanitária que se sucedeu.
Claramente as pessoas deixaram de se importar com outras coisas e passaram a cuidar mais de suas casas. Coisa do tipo justificou tal crescimento.
Parêntese
Em Belém, atualmente, o mercado imobiliário encontra-se aquecido, mas a digitalização deste setor ainda promete grandes e eminentes mudanças.
Fecha
Em 2021, setor de construção foi um dos que mais gerou empregos segundo um relatório publicado pelo Dieese-Pa, no início deste ano. Foram cerca de 10 mil novos postos criados e rapidamente preenchidos.
Neste mercado, houve por tanto o que podemos chamar de migração interna da classe operária. Os autônomos que visualizaram sucesso no próprio negócio permaneceram empreendendo e outros voltaram a atuar como operários.
Mesmo com essa movimentação toda, ainda há espaço para novos CNPJs.
2 - E-commerce
Independentemente do que você quer vender, os e-commerces têm uma solução destinada para isso. É por isso que este mercado tem ganhado destaque.
As principais redes varejistas paraenses já lançaram ou estão desenvolvendo as suas próprias lojas virtuais. O Supermercado Nazaré, por exemplo, já é digital. Todos os produtos do grupo estão disponíveis em um aplicativo.
Os pequenos negócios de Belém, se parar para observar, têm se digitalizado cada vez mais. Mas (confesso) isso só está acontecendo por causa da pandemia. A pandemia acelerou o processo de digitalização das empresas. Muitos empreendedores tiveram que se desdobrar para se acostumarem com os infinitos recursos.
Aqueles que se dedicaram aumentaram o seu faturamento, enquanto outros que torceram o nariz deixaram de fazer dinheiro.
O custo benefício para ter uma loja on-line é muito vantajoso. Mesmo para quem não tem um negócio funcionando, os marketplaces são intuitivos o suficiente para que em questão de minutos um novo negócio seja inaugurado digitalmente.
3 - Beleza e estética
Mesmo com a pandemia, negócios de beleza e bem-estar cresceram 12,3% no 1º trimestre de 2021.
Uma pesquisa de desempenho do setor de franquias no primeiro trimestre deste ano realizada pela ABF - Associação Brasileira de Franchising, revelou que o setor continuou buscando alternativas para minimizar os impactos da pandemia e, consequentemente saboreou bons resultados.
O mercado é um dos que mantém aquecido as vendas dos grandes varejistas. Isso demonstra que as pessoas continuam se preocupando com a saúde e o bem estar. Agora, mais do que nunca.
As vendas de itens de higiene pessoal, perfumes e cosméticos subiram 5,7% nos primeiros quatro meses deste ano, ante o mesmo período do ano anterior, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Higiene Pessoal Perfumaria e Cosméticos (Abihpec).
O Pará, sendo um estado rico em matérias primas essenciais para este mercado, tem um potencial cada vez maior para atrair negócios e investimentos.
Este é o caso da Natura, que em parceria com a Compasso, setor de tecnologia da Uol, vai lançar ainda este ano uma modalidade inédita de estudos no Norte, que tem como objetivo incentivar alunos a desenvolver projetos e pesquisas de produtos sustentáveis.
A iniciativa acontecerá através da Unama.
4 - Cursos online
Se você não conhece alguém que está fazendo algum curso on-line, talvez não esteja prestando atenção nas conversas.
Sim, este mercado cresceu substancialmente. No Pará, faculdades, auto escolas e outros tipos de empresas passaram a oferecer este recurso para continuar oferecendo seus serviços.
Quem não investiu, ficou para trás.
A Finama é um bom case de transformação. Antes a instituição focava principalmente em modalidades de cursos tradicionais, mas agora está prestes a lançar uma versão digital da sua própria rede de ensino, com aulas totalmente online.
Tudo indica que essa modalidade veio para ficar. Escolas públicas e particulares pretendem continuar disponibilizando parte de suas aulas de forma online mesmo após a pandemia.
Os novos empreendedores que pretendem vender conhecimento já pensam primeiramente em comprar um domínio de site em vez de alugar um ponto comercial.
5 - Serviços de entrega
Alavancado principalmente pelos restaurantes, o serviço de entrega viu sua demanda aumentar vertiginosamente do fim de 2019 para cá. Hoje em dia os produtos transportados são diversos, mas o famoso delivery de comida continua sendo o mais procurado.
A tendência se transformou em necessidade e segue em crescimento em 2021. De acordo com dados do site Statista, o Brasil foi destaque no segmento na América Latina. Sozinho, foi responsável por quase metade do mercado, chegando obter a generosa fatia de 48,77%.
Pequenos negócios que investem nesse segmento adquirem rapidamente uma cama de clientes interessados em distribuir seus produtos pela cidade. Não faltam empresas e pessoas a procura de entregadores.
As grandes plataformas de mobilidade como a Uber e a 99 se adaptaram rapidamente as necessidades e as varejistas investiram pesadamente em logística, todas elas.
Longe de ser um setor totalmente formalizado, ainda falta um grande player especializado para transformar estes serviços.
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