Gana Gold tem licença para operação de pequeno porte, mas possui maquinário pesado e faturou R$ 1,1 bilhão desde 2020. PF investiga a empresa.
Uma empresa encravada no meio da Amazônia superou R$ 1,1 bilhão em receita em pouco mais de um ano de operação, de acordo com a Agência Nacional de Mineração, a ANM. Além dos valores expressivos, a empresa Gana Gold Mineração chama a atenção por extrair um volume de ouro 32 vezes maior do que o estimado e operar sob uma licença irregular, apesar de ser uma atividade bilionária com alto impacto ambiental.
A reportagem do The Intercept Brasil, em colaboração com Pulitzer Center.
A mineradora, que é investigada pela Polícia Federal, só tem autorização para operar porque a prefeitura de Itaituba atropelou as legislações estadual e federal ao licenciar a mina – e porque a ANM fechou os olhos para a irregularidade.
Com apenas uma mina em atividade, a empresa é líder em exploração de ouro na região Norte, representando atualmente 18% da lavra do metal no Pará, de acordo com informações do site da ANM.
A alta produtividade intriga porque a operação anual prevista era de 96,53 kg de ouro, segundo informações prestadas pela própria empresa à agência reguladora do setor.
Seguindo esses valores fornecidos pela Gana Gold, a mineradora deveria ter uma receita anual de cerca de R$ 30 milhões se operasse dentro da estimativa prevista na famigerada licença.
No entanto, desde 2020, a empresa declarou ganhos de mais de R$ 1 bilhão. Em apenas oito meses, ela já extrapolou em 32 vezes o estimado informado à agência para 2021.
Essa produtividade não é nada comum: os números colocariam a mina acima das operações mais rentáveis no mundo, com um teor médio (quantidade de ouro por tonelada de material bruto extraído do solo) muito superior a empreendimentos vizinhos.
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