Ilha paraense é destaque internacional em estudos do campo magnético; entenda
- Otto Marinho
- 28 de jan.
- 2 min de leitura
Informações colhidas no local são usadas como base em diversos estudos de alcance globais

Abrigando um dos dois únicos observatórios magnéticos permanentes do Brasil, a desabitada e pequena ilha de Tatuoca, pertencente ao distrito de Outeiro, no Pará, se tornou um ponto fundamental para a observação do campo magnético da Terra. O laboratório, que integra a rede internacional Intermagnet - International Real-time Magnetic Observatory Network, representa um dos pontos permanentes de acompanhamento dos fenômenos geomagnéticos da Terra em território nacional.
Por intermédio desta pequena ilha, cientistas e parceiros como a Universidade Federal do Pará (UFPA), têm extraído informações sobre o campo magnético que são relevantes para a comunidade mundial. Com a riqueza de informações, estudantes de Iniciação Científica, Mestrado e Doutorado, vinculados a programas de pós-graduação em Geofísica do ON, à UFPA e outras universidades brasileiras, vêm realizando estudos e publicando resultados com base nestes dados. Algumas delas, inclusive, são divulgadas em revistas especializadas.
Sobre a ilha de Tatuoca
Localizada a 12km da costa, o acesso para a ilha é feito apenas por barco, com uma viagem de cerca de 30 minutos, saindo da cidade de Icoaraci. Para este tipo de pesquisa pode-se dizer que é o local ideal por conta dela ser afastada do centro urbano, desabitada e só é visitada por funcionários. Inclusive, ela possui menos interferências e ruídos que poderiam prejudicar os sensores de medição.
Como Tatuoca não possui outras atividades humanas além do observatório magnético, o ambiente é propício para as captações. Para preservar essas captações e o ambiente, o controle para entrar é rigoroso: não se pode entrar no observatório com qualquer item que contenha metal e possa criar interferência, como brincos e cintos.
Última grande descoberta
A última grande descoberta do observatório, mostrou resultados importantes sobre o chamado eletrojato equatorial, dados extraídos de mais de 60 anos, apontam que o deslocamento magnético do equador no Brasil foi o maior em comparação ao resto do mundo, 1100 km de deslocamento para o norte. Em consequência, o eletrojato equatorial gera uma amplificação da variação diurna 1 da componente horizontal do campo.
O estudo mostra a forma e intensidade de como a variação diurna no observatório ao longo dos anos. Em comparação aos campos gerados por correntes de baixa e médias latitudes, o campo magnético mostra uma maior amplitude de variação, ocasionando influência nas estações do ano e oscilações atmosféricas.
Em estudos a partir da base, constatou-se também onde foi registrado a passagem do Equador Magnético, onde o campo é de forma horizontal. O fenômeno tem sua importância para os estudos de geofísica espacial e para pesquisas que envolvam a evolução do campo no núcleo.
Sobre os observatórios
Os observatórios magnéticos brasileiros pertencem ao Observatório Nacional, criado em 1827 por Dom Pedro I. Além de Tatuoca, a instituição ainda conta com o observatório de Vassouras, localizado no centro-sul do Estado do Rio de Janeiro, fundado em 1915. O observatório da ilha paraense é a estação científica em funcionamento mais antiga da Amazônia, operando há 67 anos.
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