Entenda os impactos econômicos e o contexto da inflação no Brasil e em Belém
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do Brasil, encerrou 2024 em 4,83%, superando o teto da meta de 4,5% estipulado pelo governo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os principais fatores que pressionaram a inflação foram os efeitos climáticos adversos, a desvalorização do real frente ao dólar e o aumento expressivo no preço das carnes.
Clima: estiagem e ondas de calor impactam produção
O clima foi um dos principais vilões da inflação em 2024. Estiagens prolongadas e ondas de calor afetaram pastagens e culturas agrícolas em diversas regiões do Brasil, comprometendo a oferta de alimentos e elevando os preços.
No grupo "alimentos e bebidas", que subiu 7,69%, itens básicos, como carnes, café moído (alta de 39,60%) e óleo de soja (29,21%), registraram aumentos expressivos. Segundo o analista do IBGE André Almeida, "a seca intensificou os efeitos da entressafra, reduzindo a oferta de produtos e pressionando os preços".
Essa foi a maior alta do grupo desde 2022, quando fenômenos climáticos como o La Niña também impactaram a inflação.
Dólar: desvalorização do real amplia custos
A desvalorização do real frente ao dólar também teve impacto direto na inflação de 2024. A moeda americana acumulou alta de 27% no ano, encerrando 2024 cotada a R$ 6,18.
Segundo o IBGE, a valorização do dólar encareceu commodities alimentícias negociadas internacionalmente, como soja e café, além de aumentar o custo de produtos com componentes importados.
A gasolina, que também sofre influência do câmbio, registrou aumento de 9,71%, sendo o maior peso no IPCA entre os produtos não alimentícios.
Preço da carne: maior alta desde 2019
O preço da carne foi o item de maior destaque em 2024, com alta de 20,84%, o maior aumento desde 2019. Esse encarecimento ocorreu principalmente entre setembro e dezembro, quando os preços subiram 23,88%, revertendo as quedas observadas no início do ano.
Itens como contrafilé (20,06%), alcatra (21,13%) e costela (21,33%) foram os destaques, pressionados por fatores como menor disponibilidade de animais para abate, em razão do ciclo da pecuária, e as condições climáticas adversas que afetaram pastagens.
Inflação por cidades
Das 16 localidades pesquisadas pelo IBGE, sete tiveram inflação acima da média nacional. São Luís liderou com 6,51%, enquanto Porto Alegre registrou o menor índice, com 3,57%.
Confira a inflação por cidade:
São Luís: 6,51%
Belo Horizonte: 5,96%
Goiânia: 5,56%
Campo Grande: 5,06%
São Paulo: 5,01%
Fortaleza: 4,92%
Rio Branco: 4,91%
Aracaju: 4,81%
Belém: 4,70%
Rio de Janeiro: 4,69%
Salvador: 4,68%
Curitiba: 4,43%
Recife: 4,36%
Vitória: 4,26%
Brasília: 3,93%
Porto Alegre: 3,57%
Inflação em Belém
Belém registrou uma inflação de 4,70% em 2024, ficando abaixo da média nacional de 4,83%, mas ainda dentro da faixa das localidades com índices mais elevados. Essa posição intermediária reflete particularidades da região Norte, como os custos de logística, o impacto do clima e a dependência de produtos importados de outras regiões.
Apesar de estar próxima da média nacional, Belém sofreu com o aumento dos preços de alimentos, especialmente itens básicos que compõem a cesta de consumo local.
No entanto, por ter uma cesta de consumo diferente das grandes capitais do Sudeste, como São Paulo e Rio de Janeiro, o peso de alguns itens no IPCA local é menor, o que ajuda a explicar por que Belém não registrou um índice mais elevado em comparação com outras cidades, como São Luís (6,51%) ou Belo Horizonte (5,96%).
Projeção Atualizada para a Inflação e os Impactos em Belém em 2025
Com base no Boletim Focus e nos dados recentes divulgados pelo Banco Central (BC), a projeção para a inflação em 2025 foi elevada para 5%, acima do teto da meta contínua de 4,5%. Este cenário, impulsionado por fatores como a desvalorização do real e extremos climáticos, terá impactos significativos para Belém e outras cidades do Brasil.
1. Cenário Nacional e Repercussões Locais
A inflação projetada para 2025 reflete um contexto macroeconômico desafiador. Em Belém, fatores estruturais como logística, dependência de produtos importados e vulnerabilidade climática devem amplificar os impactos dos números nacionais, especialmente nos grupos de alimentos, transporte e serviços básicos.
Real desvalorizado: O mercado financeiro projeta o dólar em R$ 6 ao final de 2025 e 2026, encarecendo commodities, insumos importados e combustíveis.
Extremos climáticos: Estiagens e ondas de calor, já evidentes em 2024, devem seguir prejudicando culturas agrícolas, como mandioca e açaí, elevando o custo de alimentos essenciais.
2. Alimentos e Custo de Vida
Com base na alta de 7,69% no grupo "alimentos e bebidas" em 2024, é esperado que a inflação nesse setor em 2025 permaneça elevada. Produtos locais como açaí e farinha de mandioca podem sofrer aumentos, enquanto itens importados, como carnes e óleo de soja, enfrentarão variações ainda maiores. Belém, que já registrou inflação de 4,70% em 2024, pode sentir uma pressão adicional devido à dependência de insumos de outras regiões e do exterior.
3. Transporte e Mobilidade
O impacto da desvalorização cambial e o aumento da taxa de juros básica (Selic), que deve alcançar 15% ao ano em 2025, refletirão em custos de transporte mais elevados. A gasolina, já com alta acumulada de 9,71% em 2024, pode subir 5% a 7%, pressionando ainda mais a mobilidade urbana.
4. Taxa de Juros e Poder de Compra
Com a Selic projetada em 15% ao ano em 2025, o crédito ficará mais caro, impactando investimentos e o consumo. A alta dos juros terá repercussão no comércio local de Belém, reduzindo o consumo de bens duráveis e pressionando o poder de compra das famílias.
Famílias de baixa renda serão mais afetadas, devido à incapacidade dos salários de acompanhar o crescimento dos preços.
5. Projeção Revisada do IPCA em Belém
Levando em conta o cenário nacional e as especificidades locais, estima-se que a inflação em Belém continue no mesmo ritmo em 2025. Um possível aumento colocaria a capital paraense acima do patamar médio de 2024, exigindo políticas robustas para evitar um impacto mais severo sobre a população.
A inflação elevada em 2025 trará desafios para Belém, exigindo coordenação entre governos e sociedade para mitigar seus efeitos e garantir a qualidade de vida da população.
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