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CEO do Carrefour diz que empresa vai parar de comercializar carne do Mercosul

Presidente-executivo global da gigante francesa, Alexandre Bompard, fez declaração em uma carta direcionada a sindicato agrícola, em suas redes sociais. As informações são do G1

Carrefour vai parar comercializar carnes Mercosul
Foto: Bruno Cecim/Ag. Pará

O CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, publicou nesta quarta-feira (20), em suas redes sociais, um comunicado no qual diz que a gigante francesa do varejo "assume hoje o compromisso de não comercializar nenhuma carne proveniente do Mercosul", bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.


"No Carrefour, estamos prontos, qualquer que seja o preço e a quantidade de carne que o Mercosul venha a nos oferecer", disse Bompard.


Em nota ao g1 enviada na última quinta-feira (21), o escritório do Carrefour na França disse que a medida anunciada vale apenas para as lojas da rede no país e que em todas as demais nações onde o grupo atua, incluindo o Brasil e a Argentina, continuará comercializando carne do Mercosul, bem como em países que utilizam o modelo de franqueado.


A carta de Bompard é endereçada a Arnaud Rousseau, presidente do sindicato francês FNSEA, sigla para Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores


O comunicado foi publicado nas contas do CEO no Instagram, X e Linkedin, e ocorre em meio a protestos de agricultores franceses contra o acordo da União Europeia com o Mercosul.


Ao g1, o Grupo Carrefour Brasil disse que a medida em "nada muda nas operações no país", indicando que os supermercados do grupo em território nacional irão continuar comprando carne de frigoríficos brasileiros.


O grupo não informou quanto compra e comercializa de carne do Mercosul ou do Brasil.

Em nota, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) declarou que rechaça as declarações do CEO do Carrefour e que "reitera a qualidade e compromisso da agropecuária brasileira com a legislação e as boas práticas agrícolas, em consonância com as diretrizes internacionais".


A pasta informa que o Brasil atende aos padrões "rigorosos" da União Europeia e que o bloco compra e atesta, por meio de suas autoridades sanitárias, a qualidade das carnes do país.


Além disso, o ministério diz que apresentou à União Europeia propostas de modelos eletrônicos que contemplam as etapas iniciais do Regulamento de Desmatamento da União Europeia (EUDR), para a rastreabilidade da pecuária brasileira.


O que diz o setor

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) disse que lamenta a declaração de Bompard e que o posicionamento do CEO "é contraditório, vindo de uma empresa que opera cerca de 1.200 lojas no Brasil, abastecidas majoritariamente com carnes brasileiras".


A instituição destacou ainda que a medida coloca em risco o próprio negócio, uma vez que a produção local não supre a demanda interna.


A Abiec informa que, em 2023, o Brasil respondeu por 27% das importações de carne bovina da União Europeia e o Mercosul, por 55%.


A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) também lamentou a declarações do CEO e disse que os argumentos são equivocados ao afirmar que as carnes produzidas pelos países-membros do Mercosul não respeitam os critérios e normas do mercado francês. "A argumentação é claramente utilizada para fins protecionistas", diz nota.


O g1 procurou a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), mas não recebeu um retorno até a última atualização desta reportagem.


Caso Danone

A declaração do CEO do Carrefour ocorre quase um mês depois de uma polêmica envolvendo outra gigante francesa, a Danone. No dia 25 de outubro, o diretor-financeiro da empresa de laticínios, Juergen Esser, disse à agência Reuters que a companhia tinha deixado de importar soja brasileira.


Sem explicar a fala de Esser, a Danone Brasil e a presidente da Danone América Latina disseram que a divulgação tinha "informações incorretas" e que os países onde a empresa está continuam comprando soja nacional.


Tudo aconteceu às vésperas de entrar em vigor a lei da União Europeia que proibirá a importação de produtos vindos de áreas desmatadas. A legislação entraria em vigor no final de dezembro deste ano, mas foi adiada para 2025.


O Pará

O Pará é o Estado da região Norte com o melhor desempenho no ranking das exportações de produtos do agronegócio, segundo o levantamento feito pelo Núcleo de Planejamento e Estatísticas da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap). Até o mês de outubro deste ano, a exportação de produtos do agronegócio do estado acelerou em 4,27%, (considerando o valor exportado), em comparação ao mesmo período do ano anterior, com Valor de Exportação de US$ 3,19 bilhões (2,28% da exportação agro nacional e 16,93% do Valor Global Exportado do Estado do Pará).


A Sedap elaborou o estudo com base nas informações divulgadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), através do Portal AGROSTAT – Estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio Brasileiro e Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), através do sistema Comex Stat.


Segundo avaliou o estatístico João Ulisses Silva, responsável pelas análises locais, o Pará ocupa o décimo lugar no ranking das unidades federativas exportadoras de produtos do agronegócio do país no acumulado até outubro de 2024, com participação de 2,28% das exportações nacionais do agro.


“As maiores participações estão concentradas nos Estados do São Paulo (18,41%), Mato Grosso (16,94%) e Paraná (11,33%). O Pará aparece na frente na região Norte , concentrando 39% das exportações e também de estados de outras regiões, como por exemplo, o Espírito Santo”, detalhou o estatístico.


Fonte: G1

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