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Café de açaí será vendido em supermercados. Você já experimentou?

Pará regulamenta grão de açaí torrado e moído, ampliando mercado e garantindo segurança alimentar com apoio de pesquisas universitárias.

Café de açaí vendido em supermercados
Rosilan Farias, Idealizadora do Raízes do Açaí. Foto: Divulgação

Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) aprovou, recentemente, o regulamento técnico que estabelece o Padrão de Identidade e Qualidade do grão de açaí torrado e moído. Com a aprovação, o produto poderá ser comercializado como alimento, ampliando as possibilidades de utilização e diversificação agroalimentar, agregando valor à cadeia produtiva do fruto.


Esse regulamento técnico só foi possível graças às pesquisas realizadas pelas Universidades Federais do Pará (UFPA) e Rural da Amazônia (UFRA), além da Estadual (UEPA). Os estudos abordaram detalhadamente questões microbiológicas, toxicológicas e de inocuidade do grão de açaí torrado e moído, comprovando que a bebida derivada desse processo não apresenta riscos à saúde.


Portanto, com a publicação da portaria Nº1597/2024, o Pará se destaca como o primeiro estado brasileiro a regulamentar a atividade. Os estabelecimentos têm agora um prazo de 180 dias para se adequarem às novas normas estabelecidas. Esse período de adaptação é essencial para garantir que todas as práticas estejam em conformidade com os padrões de qualidade e segurança exigidos.


José Severino, fiscal estadual agropecuário (FEA) da Adepará, afirma que os produtos devem obedecer normas higiênico-sanitárias, boas práticas de produção e especificações de padronização. É obrigatório o registro do produto na Agência, no setor de Produto Artesanal ou Industrial Vegetal, o que garante o selo de inspeção, certificando que o produto foi inspecionado e não oferece riscos à saúde.


Severino destaca ainda a importância da Agência de Defesa Agropecuária no desenvolvimento socioeconômico do Estado e nesse processo. “Com o regulamento, ampliamos a abrangência do registro para incluir o grão de açaí torrado e moído. Tivemos grande apoio das Universidades, que desenvolveram estudos fundamentais para a conclusão e finalização da norma legal”, disse.


A aprovação foi realizada pela Comissão Estadual de Padronização de Produtos de Origem Vegetal (Cepov), composta pela Adepará, Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), entre outros órgãos.


Comercialização

Café de açaí vendido em supermercados
Foto: Alepa

Pela regulamentação recém-criada, o produto deve ser coletado em até 24 horas após o despolpamento do fruto. A torrefação precisa ser em temperatura entre 150ºC a 240ºC, entre 30 a 60 minutos. Está proibido o uso de aditivos durante a fabricação, processamento, preparação, tratamento, embalagem, acondicionamento, armazenagem, transporte ou manipulação do produto, etc.


Outro ponto é que os estabelecimentos comerciais deverão ficar longe de “áreas sujeitas a odores indesejáveis e que não estejam expostas a inundações”, bem como ser construídos em alvenaria, com luz abundante e com áreas para recepção e limpeza, processamento, depósito e armazenamento, escritório e instalações sanitárias – estas últimas isoladas das demais -, conclui José.


Atualmente, existem em torno de 50 fábricas no Estado, que produzem cerca de 50 toneladas por mês do produto. Entre elas está a Grancastanha, localizada em Ananindeua, Região Metropolitana de Belém (RMB), que produz os grãos torrados e moídos que podem ser usados como bebida quente ou gelada, além de poder se misturar em sucos e suplementos, pontua Renan Amaral, CEO da empresa.


De acordo com Amaral, o regulamento técnico que autoriza a comercialização do produto é acertado, frente a um produto novo e com uma grande relevância socioeconômica. Além disso, esta é uma forma de produção sustentável, visto que trata-se da reutilização do caroço do açaí, que após o despolpamento, acaba sendo descartado, na maioria dos casos, em locais impróprios, poluindo o meio ambiente.


“Nós, pequenos produtores, aguardávamos há mais de um ano a regulamentação para trabalhar adequadamente e de forma segura para os consumidores. Atualmente produzimos em média mil quilos ao mês e, a produção diminuiu para que fosse trabalhado a regulamentação. Após essa notícia da Adepará, estamos trabalhando para aumentar o volume de produção”, disse o CEO.


Outro detalhe, reforça Renan, é a expansão da marca para outros territórios. “Participamos de feiras de microempreendedores, fazendo com que nosso produto chegasse em todo o Brasil. Além disso, o nosso produto está disponível nos shoppings, no aeroporto e nas feiras da cidade. Mas estamos confiantes que possamos escalar ainda mais esse ano após a regulamentação”, concluiu.


Ponto de venda

Café de açaí vendido em supermercados

O grão de açaí torrado e moído já pode ser encontrado nas grandes redes de supermercados e feiras livres da Grande Belém. No Ver-o-Peso, por exemplo, é possível encontrar o produto de diferentes marcas, tipos e preços. As embalagens de 250 gramas custam em média R$ 20, mas os feirantes garantem que é possível adquirir o produto em promoção: três por R$ 50.


Em relação às vendas, os trabalhadores informaram que ainda são tímidas, mas têm melhorado. Uma das estratégias usadas para alcançar o público é preparar a bebida e apresentá-la aos consumidores. “Só mostrando não compram, mas quando degustam a bebida quentinha, a história é outra, pois passam a sentir o sabor e garantem a semelhança com o café”, diz Jonis Lopes, 35 anos.


Para o feirante, essa é uma conquista de valorização dos produtos paraenses. “Esse item já deve ter ganhado outros estados, e a ideia é essa mesmo: mostrar que somos capazes de gerar novos produtos, com tecnologia e, principalmente, com segurança alimentar. Hoje estamos com poucas unidades, mas nos preparando para abastecer o mercado com o grão moído de café”, conclui Jonis.


José Cunha, 27, conta que a maioria dos clientes são de outras regiões. “Claro que temos os nossos nativos, mas a maioria de quem compra vem de outros estados, curiosos em conhecer tudo e todos os produtos que são relacionados ao açaí e acabam levando. Nós, graças a Deus, aproveitamos para tirar um dinheirinho a mais e com a regulamentação tudo pode melhorar”, considera o feirante.


Fonte: Diego Monteiro/DOL

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